Andaimes é uma grande solução de Engenharia, é incrível o que se pode se fazer com essas barras amarradas por abraçadeiras. Mas é um tema que preocupa, pois infelizmente acidentes acontecem. Será possível introduzir conceitos de projetos de andaime de maneira simples para leigos?
Esse é o propósito desse artigo. Vamos citar alguns conceitos estruturais simples e de grande familiaridade:
- Fundação: É Onde qualquer estrutura se apoia.
- Pilares: São estruturas verticais que se apoiam na fundação.
- Vigas: São as estruturas horizontais responsáveis por vencer os vãos que uma estrutura precisa.
- Diagonais: Barras inclinadas utilizadas para dar mais estabilidade a estrutura.
- Ligações: É necessário unir os pilares, as vigas e as diagonais.
Estruturas metálicas podem ser formadas de diversos tipos de perfis, tipo tubo, viga em I, tubo em forma quadrada, perfil tipo “U” e outros. Já os andaimes, normalmente são formados por um único tipo de perfil:
Esta barra trás uma série de vantagens e cuidados na montagem de um andaime. Com essas configurações, podem se fazer coisas incríveis, porém, é preciso saber onde estão os pontos frágeis dos andaimes. Vamos descrever os itens citados anteriormente com foco em andaimes:
1- Pilares de Andaimes
O maior erro encontrado no uso de postes, é uma restrição de comprimento, pela NBR 8800 ( que é a norma adequada para projetos de estrutura metálica), uma barra de andaime, com geometrias apresentadas ( 48 mm x 3 mm ) apresentadas a cima, não pode ter comprimento superior a 320 cm, as distancias entre as amarrações deve ser inferior a 320 cm.
Havendo esse risco, a mesma pode flambar, provocando o colapso da estrutura.
Uma barra de andaime funcionando como pilar na vertical resiste em torno de 1500 kgf para L<320 cm (confirmar esse valor é responsabilidade do fabricante dos andaimes).
2 – Vigas
Na grande maioria das configurações, quem faz a o papel de viga é a própria barra já apresentada anteriormente, a grande preocupação é que essas barras tem baixa resistência a vencer vãos, ficando aqui uma grande preocupação na hora de fazer um projeto.
Existe uma grandeza física, que nos fornece isso em números, que é a resistência a momento fletor de uma barra de andaime, normalmente fica em torno de 60 kgfm. Para se ter uma ideia, imagina uma pessoa de 100 kg de massa, está exatamente encima de uma viga de andaime com 2 metros de vão. Considerando uma carga pontual pode-se aplicar:
Ms=PxLx0,25=100kgfx2x0,25=50kgfm
Observe, que para um vão de 2 metros, fazendo uma consideração de carga pontual, uma pessoa de 100 kgf já deixa o sistema a (50/60) = 83% de sua capacidade. Por isso normalmente os vãos de andaimes, estão normalmente nessa faixa, até 2,50 m é tolerável respeitando a carga.
Mas há de haver cuidado com cargas altas e vãos altos, devido ao fato das barras de andaime não serem boas para vencer grandes vãos. Configurações de treliças, ou o uso de vigas mais apropriadas, podem resolver esse problema, mas essa já é uma questão mais complexa.
3. Diagonais e ligações
Imagina um experimento simples em casa, você escolhe quatro pedaços iguais de ripa e utiliza apenas um prego para fazer as ligações:
Agora você começa a aplicar uma força horizontal para ver o que acontece, e percebe que o quadrado é completamente instável e fica sambando conforme você varia a força. Então você decide colocar uma diagonal:
Ao aplicar a mesma força, percebe-se a estrutura rígida e estável. As ligações dos andaimes são feitas normalmente com abraçadeiras giratórias que possuem “alguma” rigidez, mas de maneira alguma fazem que sejam dispensadas as diagonais. O número de diagonais, e os planos em que elas devem constar é responsabilidade do projetista. Ausência de contraventamentos(diagonais) é risco de colapso. Os andaimes devem possuir contraventamentos em todos os seus planos (ou seja vista superior, vista frontal e vista lateral).
A alternância de contraventamentos por torre da estrutura é responsabilidade do projetista. Há andaimes em que o fabricante garante rigidez nas ligações, porém, essa rigidez pode funcionar para configurações pequenas, porém, para grandes andaimes de maneira alguma essas ligações farão o papel da diagonal, dos contraventamentos, ficando mais um cuidado para a prática equivocada que infelizmente acontece e deixa um risco de colapso na estrutura.
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4. Fundação
Aqui está um dos grandes riscos de torres de andaimes. Não tenho dados estatísticos nem pesquisa para o que vou afirmar, mas creio que essa é a maior a causa de acidentes em andaimes. Vamos a um exemplo simples, imagina que está andando em um solo rígido e perfeitamente compatível com seu peso. Do nada você pisa em uma poça de lama “pisa em falso” cai e desaba. Vamos aos cuidados:
- Em pisos de concreto tudo se torna mais fácil, a grande preocupação é garantir que todas as bases se apoiem no solo. Existe um dispositivo para regular a base, ou seja garantir que ela encoste no chão e de fato atue.
- Porque muitas vezes andaimes pisam em falso em solos industriais? Imagino que as vezes na correria dos trabalhos justo pela falta das barres reguláveis, quando profissionais recorrem a gambiarras que não valem a pena citar. Porque muitas vezes andaimes pisam em falso em solos industriais? Imagino que as vezes na correria dos trabalhos justo pela falta das barres reguláveis, quando profissionais recorrem a gambiarras que não valem a pena citar.
- Em solos arenosos o projeto se torna um pouco mais complexo, onde deve-se estimar uma resistência mínima do mesmo e recorrer a pranchões de madeira para haver aumento da área.
Uma vez a base bem projetada sobre solo arenoso podemos ficar tranquilos? Não. Vamos a um exemplo prático, imagina uma torre como a montada a seguir:
Observe que essa configuração possui quatro bases apoiadas em solos arenosos. Agora imagina que chove bastante a noite e um córrego se forma justo nas duas bases do meio deixando o andaime com essas bases em falso, e por alguma falta de procedimento alguém não checou essas bases. A probabilidade de ocorrer colapso na estrutura é grande.
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Considerações Finais
É claro que andaime é um assunto muito amplo. Aqui os exemplos ficaram restritos a torres simplesmente apoiadas. Caso tenha alguma sugestão, experiência ou comentário seja bem-vindo. Espero que o artigo tenha ajudado.
Conteúdo colaborativo enviado por Daniel Souza, Engenheiro e Consultor da Vidigal Soluções em Engenharia.
