Vemos ultimamente muitas empresas que projetam e instalam linha de vida e infelizmente muitas destas empresas não têm capacidade técnica para esta atividade tão complexa. Por isto, neste artigo falaremos sobre SPIQ (Sistema de Proteção contra Quedas) e abordaremos os fatores de perigo relacionados aos projetos de Linha de Vida!
O que é Linha de Vida?
O projeto de linha de vida é um processo multidisciplinar onde teremos envolvimento de diversos profissionais como, engenheiros de diferentes especialidades, técnicos de segurança do trabalho e instaladores qualificados. Além do colaborador treinado para a correta utilização da linha, e a própria empresa que adquiriu essa solução de retenção de queda.
Quando uma dessas partes não detém o conhecimento necessário para o projeto e a execução, as chances do sistema SPIQ (Sistema de Proteção contra Quedas) não seguirem os padrões técnicos e funcionais é alto.
Entendemos um projeto de linha de vida como um quebra cabeça com várias peças a serem montadas e encaixadas. E uma das peças mais famosa é a ART (Anotação de Responsabilidade Técnica). A ART é um documento de extrema importância, pois atesta a habilitação do profissional que está projetado esta SPIQ, mas não é a única peça a ser utilizada. Contudo, muitas empresas utilizam apenas a ART como documento de conclusão de um projeto.
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Fatores que podem ser um perigo para o seu projeto de Linha de Vida
Dentro de um projeto de linha de vida é fundamental visualizar qual a real necessidade deste sistema que vai ser projetado. Portanto, os projetos devem ser desenvolvidos para restrição de movimento, retenção de queda ou atender aos dois cenários em conjunto.
Outro fator importante é a ZLQ (zona livre de queda) que em muitos projetos não é contemplada ou é vista de forma incorreta levando assim a um sistema ineficaz, podendo ocorrer uma queda e o funcionário (usuário da linha de vida) acertar o piso imediatamente a baixo do sistema ou até mesmo algum objeto armazenado que não foi levado em conta, antes mesmo que o sistema entre em ação para reter a queda – conforme cita a NR-35 do Ministério do Trabalho e Previdência.
Outro fator são os pontos de ancoragens ou dispositivos de ancoragem que normalmente são comercializados de forma incorreta. Atender a NR 18 e suporta uma carga de 1500 Kgf infelizmente deixam brechas. Os dispositivos de ancoragem devem ser ensaiado conforme NBR 16325-1 que é a norma técnica para ensaios destes produtos.
Estudo da ABNT sobre Linha de Vida (CB-32)
Em um estudo CB-32 a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) demonstra que em uma linha de vida de 15 metros de vão livre sem ABS. Neste caso, as cargas aplicáveis nas extremidades podem chegar a 27 kN (2700 kgf), usando fator de segurança 2, o PLH (Profissional Legalmente Habilitado) deve dimensionar e garantir que nas extremidades aguente até 54 kN (5400 kgf).
Porém, o dispositivo instalado que atende a NR 18 com carga (1500 Kgf) não suporta essa carga. Ou seja, o dispositivo instalado também precisa atender a essa força gerada nas extremidades conforme o fator de segurança que é aplicado.
Hoje temos vários projetos de linha de vida com 10, 30, 60, 80 metros ou mais, usando dispositivo que atende somente a NR18. No segundo ensaio da CB-32 o colaborador com ABS no talabarte pode chegar a 18Kn (1800kgf). Desse modo, usando fator de segurança 2, teremos uma força na extremidade de 36 kN (3600kgf).
Por analogia, neste cenário onde as cargas que chegam nas extremidades e os fatores de segurança aplicados, o dispositivo de ancoragem atenderia à NR-18, mas não atenderia ao projeto de linha de vida em analise.
O que é ABS e qual a sua função?
Vídeo de demonstração do funcionamento de um ABS na linha de vida.
O ABS (absorvedor de impacto para linha de vida) tem por função absorver energia proveniente da queda. O ABS, então, ajuda a dissipar as tensões geradas da queda, gerando cargas menores nas extremidades e promovendo uma deformação plástica no material do equipamento.
Da mesma forma, é importante a informação do fabricante sobre quanto chegará de força nas extremidades. Assim, temos dados mais seguros, pois esses equipamentos passam por inúmeros testes.
Hoje vemos ABS sendo vendidos no mercado que não deformam suficiente para reduzir as cargas nas extremidades. Alguns fabricantes realizam ensaio estático que não reproduz a cinemática de uma queda (processo dinâmico). E tampouco oferecem a eficiência da redução das cargas nas extremadas por esses equipamentos.
Portanto, é importante lembrar o conceito de resistência dos materiais, que afirma que quando maior a fase plástica, maior chances do material aguentar a tensão e não romper.
Muitos equipamentos vendidos não tem essas características e não poderiam ser usados em um SPIQ, como ABS, devido ao risco de ruptura no momento da queda.
Em suma, poderíamos escrever por horas sobre linha de vida e outros temas relacionados, como: instalador qualificado; cargas que chegam na estrutura; fecha; ZLQ (Zona Livre de Queda); deformação; interfaces; cabo de aço e entre outros. Pois, seu processo de construção é muito complexo cada cenário terá uma nova realidade.
AUTOR:
Wanderson Olifer
Especialista SPIQ WTSSAFE
E-mail: contato@wtss.com.br
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